quarta-feira, 26 de maio de 2010

Maria Gregório de Oliveira, 79 anos

A senhora ainda se recorda da produção da cal?
- Sou filha do dono daquilo, do Forno da Cal. Nesse tempo era como se chamava, era uma empresa, era onde as pessoas iam ganhar o seu dia, os homens, havia muitos trabalhadores, muitos homens que iam para lá trabalhar, uns iam para a lenha outros iam tirar a pedra para cozer, coziam, preparavam aquilo tudo para cozer a lenha, a cal, a pedra, e depois tiravam do forno, tiravam a pedra e espalhavam no chão do forno e deitavam água por cima, para aquilo se desfazer para ficar em cal, para ficar a cal. Era peneirada, depois, ficava uma parte em pó, outra em pedra, que era para pintar as casas, as casas naquele tempo eram pintadas com a cal. Depois desfaziam a pedra para pintar as casas. E faziam a calçada toda, olhe isto aqui foi isso tudo com pedra de lá, sim. Foi de lá.

Havia muitas pessoas ligadas a esse trabalho?
- Muita gente trabalhava lá. As mulheres iam levar o comer aos homens que andavam lá e eu também ia levar ao meu pai. Ainda se fazia a venda. A mãe ficava na venda e tinha a minha irmã Belica... mas eu era a mais dedicada que ia lá levar o comer.

Como faziam para vender a cal?
- Para vender iam, iam mulheres e tudo. Aquela do, ela é que se lembra disso, a Alfonsa, ela não disse que ainda criou um casco na cabeça de acartar as sacas de cal. Iam até à Ponta Delgada levar. O transporte era a pé. E para o Rosário, para a igreja do Rosário. Era assim, era tudo a pé.

E recorda-se do acidente da pedreira?
- Lembro-me de quando caiu a quebrada, que morreram dois homens. Um chamava-se João Gregório e o outro, como era o nome do outro, Manuel do Lombo... deve ser Diniz, eram ambos do Cascalho. Foi uma quebrada. Estavam a furar e caiu a quebrada e ficaram atupidos, ficou lá a bota de um. Só depois de uns tempos é que encontraram a bota lá dentro da rocha.

Sem comentários:

Enviar um comentário