Mostrar mensagens com a etiqueta alguidar. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta alguidar. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Teresa Gregório de Andrade, 84 anos

A senhora ainda se lembra da olaria?
- A olaria foi feita vai-se por uns noventa anos, mais ou mais, não tenho bem a certeza, deve ser a olaria feita há noventa anos, ou mais, e depois da olaria estar feita, para fazer o barro tiravam acolá mesmo naquela terra que está em relva, que é do José Manuel ali em cima, que é dos da cal, que até era de uns senhores das Feiteiras, tiravam o barro lá e traziam para a eira, e na eira é que faziam a mistura e amassavam. Amassavam o barro na eira e depois levavam o barro para lá para fazer as formas.

Quais eram as peças fabricadas?
- Uma púcara... Faziam púcaras, faziam alguidares, faziam ressalgas e faziam infusas, aquelas infusinhas que só têm aquela coisinha de ir buscar a água com a asinha.

Para que serviam essas peças de barro?
- As infusas era para acartar água, que naquele tempo ninguém tinha água em casa, para ir buscar água onde era uma fonte, uma nascente, para a água conservar fresca dentro daquela púcara. Ainda me lembro de a Sra. Viúva tinha uma, e aqui em baixo, a do Sr. Januário também tinha uma e agora não sei se isso já acabou se não. As ressalgas era para salgar a carne do porco, que não havia congeladores. As púcaras era para deitar as banhas que eles derretiam do porco, e conserva bem nas púcaras, para deitar sal, o que fosse preciso, para conservar. Os alguidares faziam em grandes que era para quando as pessoas traziam gente pela fazenda, e faziam mais de entremeio para servir em casa e faziam pequeninos, faziam de todo o tamanho, os alguidares faziam de todos os tamanhos. Faziam umas travessas, umas travessas de barro assim compridinhas, com uma asinha de cada lado, isso então ainda me lembro de as ter ali... Aquela travessa servia para levar para o quarto de jantar quando tiravam o almoço, que naquele tempo eles coziam muito feijão e semilhas e batatas e depois aquilo era escorrido numa tampa e depois levavam para o quarto de jantar. A senhora punha aquela travessa assim no meio da mesa com uma toalha e voltava-lhe a tampa em cima e ali ficava o comer para irem comendo, não era com pratos (risos). Faziam umas tacinhas, a tacinha então não tinha asa, era uma tacinha redonda, não sei se se lembra, em tempos havia de vidro... faziam as tacinhas de barro também, umas maiorinhas e outras mais pequeninas, e aquilo depois ia para as vendas para eles venderem.

O olaria funcionava durante todo o ano?
- Eles faziam durante o Verão, que era onde dava melhor jeito, os dias maiores e de bom tempo, também, para arderem lenha. No Inverno fechavam.

Lembra-se porque deixou de funcionar?
- Isso depois, no resto, não deu muita vendagem. Fechou porque o barro não tinha saída, fechou. Esse senhor também foi lá para a vida dele, depois casou e foi para a vida dele, e estes daqui não sabiam fazer e acabou.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Maria Mendes de Freitas Luís, 75 anos

Fotografia: Estado actual do forno da olaria.

A senhora ainda se recorda da olaria?
- De andar na fazenda e ver aquilo lá de porta aberta, a minha mãe dizia que era uma olaria. Eu lembro-me é disto, a porta aberta e abafada com silvado e a minha mãe dizia que era uma olaria.

O que faziam nesse local?
- É de fazer alguidares de barro, púcaras e... salgas para salgar carne de porco. Naquele tempo não havia congeladores. Não sei mais nada. Sei que faziam coisas de barro. Faziam telhas...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Teresa Jesus Mendes, 87 anos

Quem trabalhava na olaria?
- Os trabalhadores que trabalhavam lá [na olaria] eram o primo João Canhoto, pai do António e do compadre Manuel e da prima Conceição ali, a irmã da Natália lá em cima do guarda, o pai deles, e trabalhavam no Francisco Pereira Velho, acolá em cima, trabalhavam ali, e depois de ali foram trabalhar para a pedreira, aquele escumalho todo, eles também foram para lá, quem morreu lá foi o do tio João Gregório quer dizer que em dia santo de guarda eles iam para lá trabalhar, no dia do Sagrado Coração de Jesus.

Quais os objectos que faziam na olaria?
- Faziam alguidares grandes, grandes! Levava-se um alguidar com a gente, o comer ia para a terra, 3 horas já o jantar ia para a terra, levava um “pico” de comer para toda a gente, e faziam mais pequeninos, um a cada um, daquilo, e faziam pequeninos, bem pequeninos, parecia pratinhos para para pôr na lapinha do Menino Jesus, e infusas grandes, infusas com asa, faziam também pequeninas para pôr na lapinha, pequeninas, e depois aquilo, o Sr. Ladeira, os tratantes eram o Sr. Ladeira e o Sr. João, acolá em cima, desistiram e ela ficou lá, a gente ainda ia para lá bailar às vezes, que aquilo o lume era no fundo, no meio é que tinha o lugar de pôr, no meio a gente, ainda fui para lá bailar, mas não tinha lume (risos).
Andava lá. Depois eles andaram lá aplicando fogo para a pedreira, morreram lá além, caramba, e morreu o João Gregório, o João Gregório não morreu ali, andava lá, e aquele senhor do Lombo, o João do Lombo, que é o pai deles todos.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Armando Dionísio Capontes, 59 anos


O que faziam na Olaria?
- Servia a infusa para a banha do porco, para a carne de vinha d'alhos, ressalga de barro para salgar a carne de porco, alguidar de barro para levar o comer para o pessoal para a fazenda, alguidares pequeninos para quando não se trazia muita gente, para o comer, tudo, tinha aqueles pratos como a mãe falava que é tudo em barro, punha-se nas lapinhas, punha-se tudo, e era tudo uso de antigo, agora já ninguém usa mais aquele sinal.
Era só isso. Tinha toda a raça: tinha a infusa, tinha a púcara, tinha o alguidar pequenino, tinha o alguidar grande, tinha o alguidar médio, tinha várias... E tinha a ressalga de pôr a carne de porco salgada.

Também faziam telha na olaria?
- Não, não, ali era só à base de infusas, alguidares de barro, tudo, não tinha nada de telha ali. Era tudo aquela base. Eles tinham que ir com o Sr. Valério e o Sr. João, pronto, eram os donos da olaria.

Quantos trabalhadores empregavam?
- Na altura eu era pequeno, não posso dizer, não posso saber, da minha altura já não havia, a olaria estava terminando, ainda existia lá uns cântaros...

Quando é que acabou?
- Mais ou menos em 1970... Não me lembro. Já havia a eira do trigo, já começaram a criar o trigo e a saruga já ia toda para lá. Era aqui em cima. Acabaram com tudo.