quinta-feira, 15 de abril de 2010

João de Sousa Capontes, morreu com 71 anos [entrevista à sua esposa Maria Teresa]

Qual era o trabalho do seu marido?
- Ele trabalhava de ferreiro, o meu marido chamava-se João de Sousa Capontes. Ele morreu com setenta ou setenta e um anos, olha, não tenho a certeza...

O que fazia ele?
- Fazia enxadas, arranjava foices de erva, fazia novas, fazia machados, fazia podoas, era de tudo o que o fulano precisava, ganchos, naquele tempo era para vir as cargas aqui para baixo, ele fazia disso tudo.

Onde começou a trabalhar?
- Primeiro trabalhou no Paul [da Serra] e a seguir veio-se embora e trabalhou ali acima da casa que era do senhor Antonino da Cruz, uma casa velha que está ali, nos Barros. Ah! Malho que eu peguei naquele peso de 13 quilos para puxar ferro... Eu junto com ele, ele com um malho e eu com outro, para estender enxadas... Tinha que ser. Eu tinha que deitar a mão no estender a enxada, tinha que ser duas pessoas. Nos domingos eu trabalhava na tenda com uma abanada todo o dia, [trabalhava] todos os dias, todos os dias, e com duas rezes de gado no palheiro, terra para plantar, era eu sempre sozinha como o cão do arroz... mas ainda se anda aqui.

Como é que o seu marido ia para o trabalho?
- Já vinha carro à corrida. E ele então ia para a corrida e já ia no carro, já não sei por onde era o caminho. Mas era um carro daqueles de carga, com pessoal. Trabalhava muita gente, como cisco. Era uma quantidade de homens, uns a furar rocha pela rocha dentro, outros a limpar... E estavam vigias de um lado e do outro para controlar e também para quanto fosse para rebentar o fogo para abrir as pedras, metiam de um lado e metiam do outro para abrir um túnel, que onde está a levada daquele lado, que vai ter acolá ao ir para a Serra de Água, no Caramujo.

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